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De costas para a vida





De costas para a vida

Ilustração de @EnekoHumor
Os donos do poder se refugiam no passado, acreditando que ele está quieto, está morto, para negar o presente, que se move, que muda; e também par esconjurar o futuro. A história oficial nos convida a visitar um museu de múmias. Assim, não há perigo: pode-se estudar os índios que morreram há séculos e, ao mesmo tempo, pode-se admirar as ruínas portentosas dos templos da antiguidade, enquanto se assiste de braços cruzados ao envenenamento dos rios e à destruição dos bosques onde os índios têm morada na atualidade.

A conquista continua, em toda a América, de norte a sul, e contra os índios vivos continuam os desalojamentos, os saques, as matanças. E continua o desprezo: os meios modernos de comunicação, que difundem o desprezo, ensinam o autodesprezo aos vencidos; em plena época de televisão, as crianças brincam de cowboys, e é difícil encontrar quem queira fazer o papel do índio.




Eduardo Galeano, em: Nós dizemos não p. 37-38







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